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sexta-feira, 29 de abril de 2011

PIAGET  E  VYGOSHY
Mesmo distantes e em tempos diferentes, teorias que se completam!
  

Jean Piaget

1896 – Piaget nasce no dia 09 de agosto, em Neuchätel, na Suíça.

1907 – Com 10 anos, publica na revista da Sociedade dos Amigos da Natureza de Neuchätel artigo sobre um pardal albino. Torna-se assessor do Museu de História Natural de Neuchätel. Passa a rotular a coleção de conchas da terra e da água. Este trabalho o estimulou intensamente.

1915 – Com 19 anos, forma-se em Biologia pela Universidade de   Neuchätel.

1918 – Com 22 anos torna-se doutor em ciências e muda-se para Zurique para estudar Psicologia, principalmente psicanálise.

1919 – Muda-se para a França e ingressa na Universidade Sorbonne de Paris, para estudar Psicologia. É convidado a trabalhar com o Dr. Simon padronizando testes de raciocínio infantil. Desde as primeiras entrevistas chamou-lhe a atenção as falhas que as crianças cometiam. Começou a pesquisar sobre o processo de raciocínio, subentendido nas respostas certas e, especialmente, nas erradas. Neste ponto ele encontra seu campo de pesquisa, e começa a estudar a gênese da inteligência.

1921 – Como Diretor de Estudos no Instituto Jean Jacques Rousseau, em
Genebra, passa a fazer pesquisas no campo da psicologia infantil.

1923 – Lança o primeiro livro: A Linguagem e o Pensamento da Criança.

Anos 30 e 40 – Escreve vários trabalhos sobre as primeiras fases do
desenvolvimento infantil, muitos deles inspirados na observação de seus
três filhos (Jacqueline, Lucienne e Laurent). Levanta a hipótese de
estágios sucessivos no desenvolvimento.

1949 – Recebe o título de Professor honoris causa, da Universidade do Rio de Janeiro.

1955 – Funda o Centro Internacional de Epistemologia Genética em Genebra, destinado a realizar pesquisas interdisciplinares sobre a formação da inteligência.

1973 – Abandonou o ensino para se aposentar.

1980 – Morre em Genebra, no dia 16 de setembro.


 
Contexto Sócio, Econômico, Político e Cultural de sua Época 
Piaget nasceu e viveu, quase toda a sua vida, na Suíça, país estável sob os pontos de vista político, econômico e social. Estas condições revelaram-se fatores importantes que, aliados às características familiares e individuais de Piaget, proporcionaram ambiente favorável à pesquisa e ao desenvolvimento de sua teoria.

 
Objetivo de Piaget
 
Compreender como o ser humano cria conhecimento, ou seja, como organiza, estrutura e explica o mundo em que vive.

Conhecimento 
Conhecimento sobre o quê? Sobre o mundo em que vivemos, sobre todo o meio que nos cerca. 

Meio
O que é meio para Piaget? Meio abrange tudo: os elementos e seres da natureza, os objetos, as idéias, as regras, os valores, os relacionamentos humanos, a história e a cultura de cada povo ou comunidade etc...Tudo pode ser objeto de conhecimento.
 
Objetivo de Conhecimento
O que vai ser conhecido é chamado de objeto de conhecimento.

Conhecer   
Acontece a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento, colocando este objeto em um sistema de relações.

Sujeito  
O sujeito de Piaget é uma pessoa ideal, universal. Representa qualquer pessoa, independente do ambiente físico e social em que se encontre.
 
 
Teoria: Epistemologia Genética
Epistemologia é o estudo crítico do conhecimento científico.Piaget deu este nome à sua teoria porque percebe que a criança e o cientista conhecem o mundo de forma semelhante: inserindo o objeto de conhecimento em um sistema de relações.Genética = gênese.O conhecimento tem uma origem, um princípio: a troca com o meio.

Sistema de Relações 
O objeto de conhecimento entra em relação com tudo aquilo que já sabemos, passa a integrar nosso conhecimento: a  isto Piaget chamou de adaptação.
 
Adaptação
Todos os organismos vivos funcionam da mesma forma: adaptam-se ao meio. A adaptação do ser humano acontece pela ação e é através dela que ele constrói esquemas.A adaptação tem dois pólos: assimilação e acomodação.
 
Assimilação         
Incorporação de situações novas às antigas já presentes na mente.

Acomodação            
É a transformação que a experiência existente tem que sofrer para que possa incorporar o novo. Ex.: passar do esquema de sugar para o de mastigar.
Troca com o meio = Interação 
 A interação organismo X meio é responsável pela capacidade de conhecer.

Capacidade de Conhecer
Todas as pessoas trazem em si a mesma capacidade de conhecer, mas o grau de desenvolvimento desta capacidade vai depender da solicitação do meio.
 
Esquema
É uma condição cognitiva, criada pela função de assimilação, ao qual vão se acrescentando novas assimilações, que criam novos esquemas. Esquema é aquilo que é generalizável numa ação. Ex.: esquema de sugar; esquema de pegar.

Estrutura A estrutura é específica para o ato de conhecer, sendo responsável pela capacidade de estabelecer relações lógicas. É uma conquista do ser humano.
Estabelecer relações lógicas é condição a priori de todo conhecimento possível.Assim, quando o ser humano, na interação com o meio, estabelece relações lógicas, constrói estruturas mentais que são a base do seu conhecimento.  
Influência do Meio Social
Qualquer saber supõe a existência de estruturas mentais, que são as mesmas para toda a espécie humana. As diferenças entre as pessoas se explicam em termos da interação organismo X meio, ou seja, as possibilidades são as mesmas para todos, e todos dependerão da solicitação do meio.

Jean Piaget descreve o desenvolvimento da inteligência em quatro períodos, ou estágios, fundamentais:

1. Sensório-motor (do nascimento até 2 anos de idade): a criança utiliza os sentidos e a capacidade motora para conhecer o mundo. Não existe pensamento conceitual ou reflexivo; um objeto é “conhecido” em termos do que a criança pode fazer com ele.

a. Conquista a permanência do objeto.

2. Pré-operatório (dos 2 aos 6/7 anos de idade): caracteriza-se pelo desenvolvimento progressivo dos processos de simbolização, incluindo a linguagem.

a. Egocentrismo (conhecer o mundo a partir da sua perspectiva).

3. Operatório concreto (dos 7 aos 11 anos de idade): caracteriza-se pela superação do egocentrismo, pelo aparecimento da lógica e da reversibilidade. As operações da lógica concreta são possíveis quando a criança enfrenta situações específicas.

a. A criança consegue estabelecer relações de causa e efeito e de meio e fim;

b. Trabalha com idéias sob dois pontos de vista, simultaneamente;

c. Forma o conceito de número.  
4. Operatório formal (12 anos em diante): é definido pelo aparecimento da lógica formal. O adolescente ou adulto é capaz de pensar por meio de abstrações e de conceitos hipotéticos. A ética, a política e questões sociais e morais tornam-se mais interessantes e envolventes à medida que o adolescente se torna capaz de adotar uma abordagem mais ampla e mais teórica para sua experiência.
Lev Semenovich Vygotsky
Nasceu em 17 de novembro de 1896, na cidade de Orsha, na Belarus.

Seu pai era chefe de departamento em um banco e representante de uma companhia de seguros. Sua mãe era professora, mas não exercia a profissão.

Era o segundo de oito irmãos, numa família judia com uma situação econômica bastante confortável. Moravam num amplo apartamento e a família podia oferecer oportunidades educacionais de alta qualidade aos filhos.

A casa tinha uma atmosfera intelectualizada: pais e filhos conversavam continuamente sobre diversos assuntos. A biblioteca do pai esteve sempre à disposição dos filhos e de seus amigos para o estudo individual e as reuniões de grupo.

A maior parte de sua educação formal foi realizada em casa, por meio de tutores particulares.

Em 1911, com 15 anos, ingressou pela primeira vez numa instituição escolar, formando-se em 1913 no curso secundário, onde ganhou medalha de ouro pelo excelente desempenho.

Ingressou na Universidade de Moscou, no curso de Direito (na época, este era um curso amplo na área de ciências humanas, incluindo o que atualmente corresponderia a Direito e Literatura).

Ao mesmo tempo cursa História e Filosofia na Universidade Popular de Shanyavskii. Vygotsky tinha grande interesse por literatura, arte e teatro.

Em 1917, forma-se em Direito na Universidade de Moscou.

Entre 1917 e 1923, vive em Gomel lecionando literatura e psicologia.

Começou a se preocupar com os problemas das crianças. Trabalhou, também, na área chamada “pedologia” (ciência da criança, que integra os aspectos biológicos, psicológicos e antropológicos). Considerava essa disciplina como sendo a ciência básica do desenvolvimento humano, uma síntese das diferentes disciplinas que estudam a criança. Criou um laboratório de psicologia na escola de formação de professores de Gomel.

Em 1920 tomou conhecimento do seu estado de saúde: tuberculose.

Neste mesmo ano proferiu uma palestra no II Congresso de Psiconeurologia de Leningrado, intitulada Consciência como um Objeto da Psicologia do Comportamento.

Neste Congresso, conheceu Alexandre R. Luria, membro do Instituto de Psicologia de Moscou, que ficou impressionado pelas idéias e propostas que Vygotsky acabara de expor.

Por influência de Luria, Vygotsky foi convidado para integrar o referido Instituto.

Em Moscou, além de trabalhar com um grupo de talentosos colaboradores, tais como Luria, Leontiev, Sakharov e outros, Vygotsky passou a atuar também no Instituto de Estudos das Deficiências por ele fundado em 1925. Nesta mesma época, dirigiu um departamento de educação especial para deficientes físicos e mentais em Narcompros, além de ministrar cursos na Academia Krupskaya de Educação Comunista.

Foi em decorrência desta experiência com educação especial que Vygotsky passou a se interessar pela Psicologia.

Anos mais tarde, devido a seu interesse em trabalhar com problemas neurológicos como forma de compreender o funcionamento psicológico do homem, estudou também medicina, parte em Moscou e parte em Kharkov.

Em 1925 escreveu o primeiro livro: Psicologia da arte (publicado na Rússia em 1965).

Morre de tuberculose, em 11 de junho de 1934, aos 37 anos de idade.

Publicação da obra
  
1925-1939 – Período em que são publicados seus trabalhos (sete artigos diversos) em publicações do mundo ocidental.

1934 - Publicação do livro Pensamento e linguagem na URSS.

1936-1956 – As obras de Vygotsky deixam de ser publicadas na URSS, por motivos políticos.

1962 – Publicação do livro Pensamento e linguagem nos Estados Unidos.

1982-1984 – Edição das obras completas de Vygotsky na URSS.

1984 – Publicação da coletânea A formação social da mente no Brasil.

1987 – Publicação de Pensamento e linguagem no Brasil.

1988 - Publicação de “Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar” na coletânea Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem no Brasil.

Contexto histórico e político de sua época  
1905 – Revolução popular contra o czar. Acentua-se a crise social na Rússia.

1917 – Revolução Russa. É criado o Conselho dos Comissários do Povo, presidido por Lênin.

1922 – Centralização do poder. Stálin é nomeado secretário-geral do Partido Comunista. Constituição da URSS.

1924 – Morre Lênin. Stálin assume o poder.

1928 – Processo de modernização da URSS: industrialização, reforma agrária, alfabetização.

1929 – Início da ditadura stalinista.

1936-1937 – Período mais violento do regime stalinista.
  
Breve Apontamento Teórico Crença na emergência de uma nova sociedade pós-revolução.
Buscava a construção de uma nova Psicologia (síntese de duas tendências fortes no início do século XX).

• Psicologia como ciência natural (experimental)

• Psicologia como ciência mental
Vygotsky e seus colaboradores buscaram superar essa “crise” da Psicologia construindo uma nova abordagem que possibilitasse uma síntese, a emergência de algo novo.

Buscaram construir uma Psicologia que integrava, numa mesma perspectiva, o homem como corpo e mente, como ser biológico e social, como membro da espécie humana e participante de um processo histórico.

São pilares básicos do pensamento de Vygotsky:  
1. As funções psicológicas têm raiz biológica: são produtos da atividade cerebral.
  
2. O funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior, as quais desenvolvem-se num processo histórico.
  
3. A relação homem-mundo é mediada por sistemas simbólicos.
Objetivo de Vygotsky: saber como o ser humano constrói cultura.  
Cultura: todo o ambiente estruturado no qual os elementos são carregados de significado. O ambiente define o mundo (o como e o porque) em que o indivíduo irá se desenvolver. Exemplos: onde o bebe dorme; como come; se tem escola...

O sujeito de Vygotsky é interativo, datado histórica e socialmente.

Sua teoria é chamada sócio-interacionista, sócio-cultural ou sócio-histórica porque o sujeito constrói o seu conhecimento ao mesmo tempo em que se torna um ser social e interage com o outro.
  
Vygotsky quer saber como o ser humano constrói cultura.
  
Funções Psicológicas Superiores: Dedicou-se ao estudo das funções psicológicas superiores:

• Comportamento intencional – vontade: livre arbítrio

• Atenção voluntária

• Memorização ativa

• Pensamento abstrato  
Estas funções são de origem sociocultural e surgem de processos psicológicos elementares, de origem biológica, através da interação da pessoa com outras mais experientes do seu grupo cultural.
Vygotsky trabalha com a idéia de que a relação do ser humano com o mundo é, fundamentalmente, uma relação mediada.
  
Medição: é o processo de intervenção, através de um elemento, numa relação. Ex.: mão-vela.
  
Os elementos mediadores introduzem um elo a mais nas relações dos seres humanos com o meio, tornando-as mais complexas. Ao longo do desenvolvimento da humanidade as relações mediadas passaram (e passam até hoje) a predominar sobre as relações diretas.  
Mediadores(instrumentos): As funções psicológicas superiores apresentam uma estrutura tal que entre o ser humano e o mundo real existem mediadores, ferramentas (instrumentos) auxiliares da atividade humana.

Há dois tipos de elementos mediadores (instrumentos): físicos e signos.
Físicos: através do trabalho o ser humano tem uma ação transformadora sobre a natureza. Essa ação cria a cultura e a história humanas. Exemplo: machado, cartão eletrônico.

Signos: são meios auxiliares para solucionar um dado problema psicológico (lembrar, comparar coisas, relatar, escolher etc.). A memória mediada por signos é muito mais poderosa que a memória não mediada. Por exemplo: fazer listas de compras, utilizar um mapa para encontrar um local, fazer um diagrama para orientar o estudo de um texto, dar nó no lenço para não esquecer alguma coisa, anotar na agenda para não esquecer etc.  
Com a evolução da humanidade, e o desenvolvimento de cada indivíduo, ocorrem duas mudanças importantes no uso dos signos:  
• Processo de internalização: ao longo do desenvolvimento, as pessoas vão deixando de necessitar de marcas externas e passam a utilizar signos internos (que substituem os objetos do mundo real).

• Sistemas simbólicos: os signos interiorizados se organizam em estruturas complexas e articuladas formando os sistemas simbólicos.  
As representações da realidade se articulam em sistemas simbólicos. Passam a ser signos compartilhados por todos os membros do grupo social, favorecendo a comunicação e o estreitamento das relações sociais. Por exemplo: as letras, os sons, o banco, a internet.  
Os sistemas de representação da realidade são, assim, construídos socialmente. É o grupo cultural onde o indivíduo se desenvolve que lhe fornece formas de perceber e organizar esta realidade.

Estas formas constituirão os signos psicológicos que fazem a mediação entre o indivíduo e o mundo.
Linguagem: é o sistema simbólico básico para todos os grupos humanos.

A linguagem proporciona o salto das funções psicológicas elementares para as superiores.
  
Vygotsky trabalha com duas funções básicas da linguagem:
  
• Intercâmbio social: é para se comunicar com os outros que o ser humano cria e utiliza os sistemas de linguagem. A necessidade de comunicação impulsiona o desenvolvimento da linguagem com signos compreensíveis pelo grupo de referência.  
• Pensamento generalizante: a experiência vivida precisa ser traduzida em signos que possam ser compreendidos por outras pessoas. Ex: a palavra cachorro.  
O significado é um componente essencial da palavra e, ao mesmo tempo, é um ato de pensamento, pois ele é uma generalização. Então, é no significado que se encontram as duas funções básicas da linguagem: o intercâmbio social e o pensamento generalizante.  
Significado: é um fenômeno do pensamento. É dado socialmente.
  
Sentido: é pessoal.
  
Pensamento e Linguagem: têm origens diferentes e se desenvolvem por caminhos diferentes e independentes; chegará o momento em que se unirão. Pensamento e linguagem se unem no significado das palavras.
  
Num determinado momento do desenvolvimento essas duas trajetórias se unem e o pensamento se torna verbal e a linguagem racional. Essa junção é um momento crucial no desenvolvimento: o biológico transforma-se em sócio-histórico.  
Com a união do pensamento e da linguagem o ser humano passa a ter um modo de funcionamento psicológico mais sofisticado, mediado pelo sistema simbólico da linguagem.  
O desenvolvimento do pensamento e da linguagem acontece, primeiro na atividade social (interpsicológico) e depois na atividade individual (intrapsicológico).  
A criança utiliza primeiro a fala socializada, com a função de comunicação. Com o desenvolvimento passa a utilizar a linguagem como instrumento do pensamento.
Zona de Desenvolvimento Proximal
A importância que Vygotsky atribui ao papel do outro social, no desenvolvimento dos indivíduos, fica extremamente clara no seu conceito de ZONA DE DESENVOLVIMENTO PROXIMAL.  
O que a criança já conquistou, aquilo que ela realiza de forma independente, representa seu NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO REAL. Aquilo que a criança não consegue realizar sozinha, mas se alguém fizer uma demonstração, lhe der instruções, fornecer pistas, ela se tornará capaz de realizar, está no seu NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL.
  
Quando Vygotsky se refere ao desenvolvimento de uma pessoa, não considera apenas o desenvolvimento que ela já adquiriu, mas também, aquele que está em vias de ser adquirido.



  


  

  

  

  




  

 


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