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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

FÉRIAS

Olá!!!

   Provavelmente por conta do título da postagem, vocês já devem imaginar o motivo da mesma: estou de férias!Certamente não há coisa melhor...ainda mais para mim que passei os ultimos meses estudando arduamente, me dedicando e me esforçando para realizar o melhor trabalho possível e graças a tudo isso é que poderei descançar e relaxar um pouco....afinal daqui a pouco estarei confinanda novamente na minha psicologia...rsrsrsrrssss...bem para quem interessa, eu devo dizer que não me ausentarei totalmente, mas é provavel que haja um período maior entre uma postagem e outra, mas não sumirei, apenas me dedicarei para outras coisas das quais tenho me ausentado muuuiiiiitooo...como família, amigos, trabalho, casa, lazer e eu mesma.

   Em breve estarei firme e presente....Agradeço a atenção de todos....Valeu...e para quem tiver: Boas Férias!!!

por

TCS
TATa

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

WILHELM REICH


   Reich dava grande ênfase à importância de desenvolver uma livre expressão de sentimentos sexuais e emocionais dentro do relacionamento amoroso maduro. Reich enfatizou a natureza essencialmente sexual das energias com as quais lidava e descobriu que a bioenergia era bloqueada de forma mais intensa na área pélvica de seus pacientes.

   Ele chegou a acreditar que a meta da terapia deveria ser a libertação dos bloqueios do corpo e a obtenção de plena capacidade para o orgasmo sexual, o qual sentia estar bloqueado na maioria dos homens e das mulheres.
   As opiniões radicais de Reich a respeito de sexualidade resultaram em consideráveis equívocos e distorções de seu trabalho por autores futuros e, conseqüentemente, despertaram muitos ataques difamatórios e infundados.
   Wilhelm Reich se interessou muito pela sexualidade humana. Quando era jovem estudante de Medicina, Reich visitou Freud pela primeira vez para procurar ajuda a fim de organizar um seminário sobre sexologia na escola médica que ele freqüentava (Higgens e Raphael, 1967). Além disso, a principal atividade política de Reich consistia em ajudar a fundar clínicas de higiene sexual patrocinadas pelos comunistas para a classe trabalhadora, na Austria e na Alemanha.
   As idéias de Reich e suas clínicas eram muito controvertidas para a época e seu programa de para as clínicas de orientação sexual incluía características modernas ainda hoje. Entre seus tópicos destacavam-se:

1. Livre distribuição de anticoncepcionais para qualquer pessoa e educação intensiva para o controle da natalidade.


2. Completa abolição das proibições com relação ao aborto.


3. Abolição da distinção legal entre casados e não-casados; liberdade de divórcio.


4. Eliminação de doenças venéreas e prevenção de problemas sexuais através da educação sexual.


5. Treinamento de médicos, professores etc., em todas as questões relevantes da higiene sexual.


6. Tratamento, ao invés de punição, para agressões sexuais.


Caráter


   De acordo com Reich, o caráter é composto das atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações. Inclui atitudes e valores conscientes, estilo de comportamento (timidez, agressividade e assim por diante) e atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo).
   O conceito de caráter já havia sido discutido anteriormente por Freud, em sua obra Caráter e Erotismo Anal. Reich elaborou este conceito e foi o primeiro analista a tratar pacientes pela interpretação da natureza e função de seu caráter, ao invés de analisar seus sintomas.


A Couraça Caracterológica


   Reich sentia que o caráter se forma como uma defesa contra a ansiedade criada pelos intensos sentimentos sexuais da criança e o conseqüente medo da punição. A primeira defesa contra este medo é o Mecanismo de Defesa do Ego conhecido por repressão, o qual refreia os impulsos sexuais por algum tempo. À medida que as Defesas do Ego se tornam cronicamente ativas e automáticas, elas evoluem para traços ou couraça caracterológica.
   Esse conceito de couraça caracterológica de Reich inclui a soma total de todas as forças defensivas repressoras organizadas de forma mais ou menos coerente dentro do próprio ego. Para ele, o desenvolvimento de um traço neurótico de caráter indicaria a solução de um problema reprimido ou, por outro lado, ele torna o processo de repressão desnecessário ou transforma a repressão numa formação relativamente rígida e aceita pelo ego.
   Assim pensando, Reich afirma que os traços de caráter neuróticos não são a mesma coisa que sintomas neuróticos. A diferença entre esses traços neuróticos e os sintomas neuróticos repousa no fato de que sintomas neuróticos, tais como os medos, fobias, etc., são experienciados como estranhos ao indivíduo, como elementos exteriores à psique, enquanto que traços de caráter neuróticos (ordem excessiva ou timidez ansiosa, por exemplo) são experimentados como partes integrantes da personalidade.
  A pessoa pode se queixar do fato de ser tímida, mas esta timidez não parece ser significativa ou patológica como são os sintomas neuróticos. As defesas de caráter são particularmente efetivas e, além disso, difíceis de se erradicarem pelo fato de serem bem racionalizadas pelo indivíduo e experimentadas como parte de seu auto-conceito.
  Reich se esforçou continuamente para tornar seus pacientes mais conscientes de seus traços neuróticos de caráter. Ele imitava com freqüência suas características, gestos ou posturas, ou fazia com que seus pacientes repetissem ou exagerassem uma faceta habitual do comportamento, por exemplo, um sorriso nervoso. À medida que os pacientes cessavam de tomar como certa sua constituição de caráter, aumentava sua motivação para mudar.

A Couraça Muscular


   Reich descobriu que cada atitude de caráter tem uma atitude física correspondente e que o caráter do indivíduo é expresso corporalmente sob a forma de rigidez muscular ou couraça muscular. Reich começou a trabalhar, então, no relaxamento da couraça muscular. Ele descobriu que a perda da couraça muscular libertava energia libidinal e auxiliava o processo de psicanálise. O trabalho psiquiátrico de Reich lidava cada vez mais com a libertação de emoções (prazer, raiva, ansiedade) através do trabalho com o corpo. Ele descobriu que isto conduzia a uma vivência muito mais intensa do que o material infantil trabalhado pela psicanálise.
   Reich começou, primeiramente, com a aplicação de técnicas de análise de caráter e das atitudes físicas. Ele analisava em detalhes a postura de seus pacientes e seus hábitos físicos a fim de conscientizá-los de como reprimiam sentimentos vitais em diferentes partes do corpo. Fazia os pacientes intensificarem uma tensão particular a fim de tornarem-se mais conscientes dela e de aliviar a emoção que havia sido presa naquela parte do corpo. Ele descobriu que só depois que a emoção assim "engarrafada" fosse expressa, é que a tensão crônica poderia ser aliviada por completo. Aos poucos, Reich começou a trabalhar diretamente com suas mãos sobre os músculos tensos a fim de soltar ás emoções presas a eles.
   Em seu trabalho sobre couraça muscular, Reich descobriu que tensões musculares crônicas servem ara bloquear uma das três excitações biológicas: ansiedade, raiva ou excitação sexual. Ele concluiu que a couraça física e a psicológica eram essencialmente a mesma coisa. Com esse raciocínio, as couraças de caráter eram vistas agora como equivalentes à hipertonia muscular.

O Caráter Genital


  O termo Caráter Genital foi usado por Freud para indicar o último estágio do desenvolvimento psicossexual. Reich adotou-o para se referir especificamente à pessoa que adquiriu potência orgástica. Para ele a potência orgástica era a capacidade de abandonar-se, livre de quaisquer inibições, ao fluxo de energia biológica, era a capacidade de descarregar completamente a excitação sexual reprimida por meio de involuntárias e agradáveis convulsões do corpo.
   Reich descobriu que assim que seus pacientes renunciavam à sua couraça e desenvolviam potência orgástica, muitas áreas de funcionamento neurótico mudavam de forma espontânea. No lugar de rígidos controles neuróticos, os indivíduos desenvolviam uma capacidade para auto-regulação. Reich descreveu indivíduos auto-reguladores como naturais, mais do que morais. Eles agem em termos de suas próprias inclinações e sentimentos internos, ao invés de seguirem algum código externo ou ordens pré-estabelecidas por outros.
  Depois da terapia reichiana, muitos pacientes que antes eram neuroticamente promíscuos, desenvolviam grande ternura e sensibilidade e procuraram, de forma espontânea, relacionamentos mais duráveis e realizadores. Os(as) pacientes cujos casamentos eram estéreis e sem amor, descobriram na terapia reichiana que já não poderiam mais ter relações sexuais por um mero senso de obrigação.
   Os caracteres genitais não estão aprisionados em suas couraças e defesas psicológicas. Eles são capazes de se encouraçar, quando necessário, contra um ambiente hostil. Entretanto, sua couraça é feita mais ou menos conscientemente e pode ser dissolvida quando não houver mais necessidade dela.
   Reich escreveu que caracteres genitais trabalharam sobre o complexo de Édipo, de maneira que o material edipiano já não é mais tão intensamente carregado ou reprimido. O superego, para ele, tornam-se "sexo-afirmativo", portanto o Id e o Superego passam a estar em harmonia. O Caráter Genital é capaz de experimentar livre e plenamente o orgasmo sexual, descarregando por completo toda libido excessiva. Dessa forma, o orgasmo, o clímax da atividade sexual, seria caracterizado pela entrega à experiência sexual e pelo movimento desinibido, involuntário, ao contrário dos movimentos forçados ou até violentos dos indivíduos encouraçados.

Bioenergia


   Em seu trabalho sobre Couraça Muscular, Reich descobriu que a perda da rigidez crônica dos músculos resultava freqüentemente em sensações físicas particulares, em sentimentos de calor e frio, formigamento, coceira e uma espécie de despertar emocional. Ele concluiu que essas sensações eram devidas a movimentos de uma energia vegetativa ou biológica liberada.
   Reich também descobriu que a mobilização e a descarga de bioenergia são estágios essenciais no processo de excitação sexual e orgasmo. Ele chamou a isto de Fórmula do Orgasmo, um processo de quatro partes o qual Reich julgava ser característico de todos os organismos vivos.

- Tensão Mecânica


- Carga Bioenergética


- Descarga Bioenergética


- Relaxamento Mecânico


   Depois do contato físico, a energia se acumula em ambos os corpos e, por fim, é descarregada no orgasmo, o qual se constitui essencialmente num fenômeno de descarga da bioenergia. O ato sexual teria a seguinte seqüência:

1. Órgãos sexuais se entumecem de fluido - tensão mecânica


2. Resulta uma intensa excitação - carga bioenergética.


3. Excitação sexual descarregada em contrações musculares - descarga bioenergética.


4. Segue-se um relaxamento físico - relaxamento mecânico

 
Energia Orgônica


   Aos poucos Reich estendeu seu interesse pelo funcionamento físico dos pacientes à pesquisa de laboratório em Fisiologia e Biologia e, finalmente dedicou-se à pesquisa em Física. Ele chegou a acreditar que a bioenergia no organismo individual não é nada mais do que um aspecto de uma energia universal, presente em todas as coisas. Ele derivou o termo energia "orgônica" a partir de organismo e orgasmo. Dizia que a Energia Orgônica cósmica funciona no organismo vivo como energia biológica específica. Assim sendo, governa o organismo total e se expressa nas emoções e nos movimentos puramente biofísicos dos órgãos.
   A extensiva pesquisa de Reich sobre Energia Orgônica e tópicos relacionados à ela foi ignorada ou repudiada pela maioria dos cientistas. Seus achados contradizem muitos axiomas e teorias estabelecidos pela Física e Biologia, e é certo que o trabalho de Reich não deixa de ter falhas experimentais. Entretanto, sua pesquisa nunca foi rejeitada ou mesmo revista com cuidado e seriamente criticada por qualquer crítico científico respeitável.
  Desde que Reich anunciou a descoberta da Energia Orgônica até hoje, nenhuma repetição bem intencionada de qualquer experimento crítico em Energia Orgônica foi divulgada, confirmando ou refutando seus resultados. Apesar do ridículo, da difamação e das tentativas de se repudiar Reich e sua orgonomia, não existe nenhuma contra-evidência de seus experimentos em qualquer publicação científica, muito menos uma refutação sistemática dos trabalhos científico que sustentam sua posição.Segundo Reich, a Energia Orgônica teria as seguintes propriedades principais:


1. A Energia Orgônica é livre de massa; não tem inércia nem peso.


2. Está presente em qualquer parte, embora em concentrações diferentes, até mesmo num vácuo.


3. É o meio para a atividade eletromagnética e gravitacional, o substrato da maioria dos fenômenos naturais básicos.


4. A Energia Orgônica está em constante movimento e pode ser observada sob condições apropriadas.


5. Altas concentrações de Energia Orgônica atraem a Energia Orgônica de ambientes menos concentrados (o que contradiz a lei da entropia).


6. A Energia Orgônica forma unidades que se tornam o centro da atividade criativa. Estas incluem células, plantas e animais, e também nuvens, planetas, estrelas e galáxias.


Crescimento Psicológico


   Reich definiu crescimento como o processo de dissolução da nossa couraça psicológica e física, tornando-nos, gradualmente, seres humanos mais livres, abertos e capazes de gozar um orgasmo pleno e satisfatório.
   Reich achava que a couraça muscular está organizada em sete principais segmentos de armadura, que são compostos de músculos e órgãos com funções expressivas relacionadas. Estes segmentos formam uma série de sete anéis mais ou menos horizontais, em ângulos retos com a espinha e o torso. Os principais segmentos da couraça estão centrados nos olhos, boca, pescoço, tórax, diafragma, abdome e pelve.De acordo com Reich, a Energia Orgônica flui naturalmente por todo o corpo, de cima a baixo, paralela à espinha. Os anéis da couraça formam-se em ângulo reto com este fluxo e operam para rompê-lo. Reich afirma que não é por acaso que na cultura ocidental aprendemos a dizer sim movendo a cabeça para cima e para baixo, na direção do fluxo de energia do corpo, enquanto que aprendemos a dizer não movendo a cabeça de um lado para o outro, na direção transversa da couraça.
   A couraça serve para restringir tanto o livre fluxo de energia como a livre expressão de emoções do indivíduo. O que começa inicialmente como defesa contra sentimentos de tensão e ansiedade excessivos, torna-se uma camisa-de-força física e emocional. No organismo humano encouraçado, a Energia Orgônica é presa nos espasmos musculares crônicos.
   Após a perda de um anel da couraça, o orgon do corpo não começa de imediato a correr livremente. Logo que os primeiros blocos da couraça são dissolvidos, nós descobrimos que, com os fluxos e as sensações orgônicas, a expressão do "dar" se desenvolve cada vez mais. Entretanto, couraças ainda existentes evitam seu desenvolvimento total.
   A terapia reichiana consiste em dissolver cada segmento da couraça, começando pelos olhos e terminando na pelves. Cada segmento é uma unidade mais ou menos independente com a qual se precisa lidar separadamente.Três instrumentos principais são usados para dissolver a couraça:


1. Armazenamento de energia no corpo por meio de respiração profunda;


2. Ataque direto dos músculos cronicamente tensos (por meio de pressão, beliscões e assim por diante) a fim de soltá-los;


3. Manutenção da cooperação do paciente lidando abertamente com quaisquer resistências ou restrições que emergem.


Os olhos


   A couraça dos olhos é expressa por uma imobilidade da testa e uma expressão "vazia" dos olhos, que nos vêem por detrás de uma rígida máscara. A couraça é dissolvida fazendo-se com que os pacientes abram bem seus olhos, como se estivessem com medo, a fim de mobilizar as pálpebras e a testa, forçando uma expressão emocional e encorajando o movimento livre dos olhos, fazer movimentos circulares com os olhos e olhar de lado a lado.


A Boca


   O segmento oral inclui os músculos do queixo, garganta e a parte de trás da cabeça. O maxilar pode ser excessivamente preso ou frouxo de forma antinatural. As expressões emocionais relativas ao ato de chorar, morder com raiva, gritar, sugar e fazer caretas são todas inibidas por este segmento. A couraça pode ser solta encorajando-se o paciente a imitar o choro, a produzir sons que mobilizem os lábios, a morder e a vomitar e pelo trabalho direto com os músculos envolvidos.


O Pescoço


   Este segmento inclui os músculos profundos do pescoço e também a língua. A couraça funciona principalmente para segurar a raiva ou o choro. Pressão direta sobre os músculos profundos do pescoço não é possível, portanto, gritar, berrar e vomitar são meios importantes para soltar este segmento.


O Tórax


   Este segmento inclui os músculos longos do tórax, os músculos dos ombros e da omoplata, toda a caixa torácica, as mãos e os braços. Ele serve para inibir o riso, a raiva, a tristeza e o desejo. A inibição da respiração, que é um meio importante de suprimir toda emoção, ocorre em grande parte no tórax. A couraça pode ser solta através do trabalho com respiração, especialmente o desenvolvimento da expiração completa. Os braços e as mãos são dos para bater, rasgar, sufocar, triturar e entrar em contato com o desejo.


O Diafragma


  Este segmento inclui o diafragma, estômago, plexo solar, vários órgãos internos e músculos ao longo das vértebras torácicas baixas. A couraça é expressa por uma curvatura da espinha para frente, de modo que há um espaço considerável entre a parte de baixo das costas do paciente e o colchão. É muito mais difícil expirar do que inspirar. A couraça inibe principalmente a raiva extremada. Os quatro primeiros segmentos devem estar mais ou menos livres antes que o diafragma possa ser solto através do trabalho repetido com respiração e reflexo do vômito (pessoas com bloqueio intenso neste segmento acham virtualmente impossível vomitar).

O Abdomen


   O segmento abdominal inclui os músculos abdominais longos e os músculos das costas. Tensão nos músculos lombares está ligada ao medo de ataque. A couraça nos flancos de uma pessoa produz instabilidade e relaciona-se com a inibição do rancor. A dissolução da couraça, neste segmento, é relativamente simples, desde que os segmentos mais altos estejam abertos.


A Pelve


   Este segmento contém todos os músculos da pelve e membros inferiores. Quanto mais intensa a couraça, mais a pelve é puxada para trás e saliente nesta parte. Os músculos glúteos são tesos e doloridos, a pelve é rígida, "morta" e assexual. A couraça pélvica serve para inibir a ansiedade e a raiva, bem como o prazer.
  A ansiedade e a raiva resultam das inibições das sensações de prazer sexual, e é impossível experienciar livremente o prazer nesta área até que a raiva tenha sido liberada dos músculos pélvicos. A couraça pode ser solta primeiramente mobilizando a pelve e fazendo com que o paciente chute os pés repetidas vezes e também bata no colchão com sua pelve.
   Reich descobriu que à medida que seus pacientes começavam a desenvolver capacidade para plena entrega genital, toda sua existência e estilo de vida mudavam basicamente. Achava Reich que a unificação do reflexo do orgasmo também restaurava as sensações de profundidade e seriedade. Os pacientes lembram-se do tempo da sua primeira infância, quando a unidade de suas sensações corporais não estava perturbada.Tomados de emoção, falam do tempo em que, crianças, sentiam-se identificados com a natureza e com tudo que os rodeava, do tempo em que se sentiam "vivos" e como finalmente tudo isto fora despedaçado e esmagado pela educação.Estes indivíduos começavam a sentir que a rígida moralidade da sociedade, que anteriormente reconheciam como certa, era uma coisa estranha e antinatural. Atitudes em relação ao trabalho também mudavam de forma nítida.
   Aqueles que faziam seu trabalho como uma necessidade mecânica, via de regra largavam seus empregos para procurar um trabalho novo e vital que preenchesse suas necessidades e desejos interiores. Aqueles que já estavam interessados em sua profissão, muitas vezes desabrochavam com energia, interesses e habilidades novas.


Obstáculos ao Crescimento Couraça


   A Couraça é o maior obstáculo ao crescimento segundo Reich. O indivíduo encouraçado seria incapaz de dissolver sua couraça e, portanto, seria incapaz de expressar as emoções biológicas primitivas. Ele conhece a sensação de agrado mas não aquela de prazer orgônico. Ele não pode emitir um suspiro de prazer e, se tentar, irá produzir um gemido, um berro reprimido ou um impulso para vomitar. Ele é incapaz de deixar sair um grito de raiva ou imitar um punho atingindo o colchão com raiva.Reich sentiu que o processo de encouraçamento havia criado duas tradições intelectuais distorcidas, as quais formaram a base da civilização: a religião mística e a ciência mecanicista. Os mecanicistas são tão bem encouraçados que não têm idéia real de seus próprios processos de vida ou de sua natureza interna. Eles têm um medo básico de emoções profundas, vivacidade e espontaneidade. Eles tendem a desenvolver um conceito rígido e mecânico da natureza e estão primariamente interessados nos objetos externos e nas ciências naturais.
   Comentando sua idéia, achava que pelo fato de uma máquina ter que ser perfeita, por conseguinte, o pensamento e as ações do homem da ciência também teriam que ser perfeitos. Perfeccionismo é uma característica essencial do pensamento mecanicista. Ele não tolera erros e incertezas, e as situações de mudança são inoportunas. Mas este princípio, quando aplicado a processos da natureza, inevitavelmente conduz à confusão, pois a natureza não opera mecanicamente, mas funcionalmente.Os místicos não desenvolveram sua couraça tão completamente. Eles permanecem, em parte, em contato com sua própria energia vital, e são capazes de grande compreensão interna (insight) por causa deste contato parcial com sua intimidade. Entretanto, Reich via essa compreensão interna (insight) como distorcida, uma vez que os místicos tendem a se tornar ascéticos e anti-sexuais, a rejeitar sua própria natureza física e a perder o contato com seus corpos. Eles repudiam a origem da força vital em seus próprios corpos e localizam-na numa alma hipotética, que eles sentem ter apenas uma tênue conexão com o corpo.Sobre os místicos, achava Reich que no rompimento da unidade de sentimento do corpo pela supressão sexual e no contínuo anseio de restabelecer contato consigo mesmo e com o mundo, encontra-se a raiz de todas as religiões negadoras do sexo. Deus seria a idéia mistificada da harmonia vegetativa entre o eu e a natureza.

Repressão Sexual


   Outro obstáculo ao crescimento é a repressão social e cultural dos instintos naturais e da sexualidade do indivíduo. Reich sentia que esta era a maior fonte de neuroses e que ela ocorre durante as três principais fases da vida, ou seja, durante a primeira infância, puberdade e idade adulta.Os bebês e as crianças pequenas são confrontados com uma atmosfera familiar neurótica, autoritária e repressora do ponto de vista sexual. Em relação a este período de vida, Reich basicamente reafirma as observações de Freud a respeito dos efeitos negativos das exigências dos pais, relativas ao treinamento da toalete, às auto-restrições e ao bom comportamento por parte das crianças pequenas.Durante a puberdade, os jovens são impedidos de atingir uma vida sexual real e a masturbação é proibida. Talvez até mais importantes que isto, a sociedade em geral torna impossível, aos adolescentes, lograr uma vida de trabalho significativa. Por causa deste estilo de vida antinatural, torna-se especialmente difícil aos adolescentes ultrapassar sua ligação infantil com os pais.Por fim, na idade adulta, a maioria das pessoas se vê envolvida na armadilha de um casamento compulsivo, para o qual estão sexualmente despreparadas. Reich também salienta que os casamentos desmoronam em conseqüência das discrepâncias sempre intensificadas entre as necessidades sexuais e as condições econômicas. As necessidades sexuais podem ser satisfeitas com um e o mesmo companheiro durante algum tempo. Também o vínculo econômico, a exigência moralista e o hábito humano favorecem a permanência da relação matrimonial. Isso acaba resultando na infelicidade do casamento. A situação familiar que se desenvolve segue de forma a recriar a mesma atmosfera neurótica para a próxima geração de crianças.
   Reich sentia que indivíduos criados numa atmosfera que nega a vida e o sexo desenvolvem um medo do prazer, o qual é representado por sua Couraça Muscular. Essa Couraça do Caráter é a base do isolamento, da indigência, do desejo de autoridade, do medo da responsabilidade, do anseio místico, da miséria sexual e da revolta neurótica, assim como de uma condescendência patológica.
   Reich não era otimista demais no que dizia respeito aos possíveis efeitos de suas descobertas. Ele acreditava que a maioria das pessoas, por causa de sua intensa couraça, seria incapaz de compreender suas teorias e distorceria suas idéias. Para ele, um ensino sobre a vida, dirigido e distorcido por indivíduos encouraçados, irá acarretar um desastre final a toda a humanidade e às suas instituições. O resultado mais provável do princípio da potência orgástica será uma perniciosa filosofia de bolso, espalhada por todos os cantos. Tal como uma flexa que, ao desprender-se do arco, salta firmemente retesada, a procura de um prazer genital rápido, fácil e deletério devastará a comunidade humana.A couraça serve para nos desligar de nossa natureza interna e também da miséria social que nos circunda. Natureza e cultura, instinto e moralidade, sexualidade e realização são elementos que se tornam incompatíveis. A unidade e congruência de cultura e natureza, trabalho e amor, moralidade e sexualidade, unidade esta desejada desde tempos imemoriais, continuará a ser um sonho enquanto o homem continuar a condenar a exigência biológica de satisfação sexual natural (orgástica). A democracia verdadeira e a liberdade baseadas na consciência e responsabilidade estão também condenadas a permanecer como uma ilusão até que esta evidência seja satisfeita.


Corpo


   Reich, como a grande maioria dos autores modernos, via mente e corpo como uma só unidade. Aos poucos ele passou de um trabalho analítico, baseado apenas na linguagem, para a análise dos aspectos físico e psicológico do caráter e da couraça caracterológica, dando maior ênfase no trabalho com a Couraça Muscular e no desenvolvimento de um livre fluxo de bioenergia.


Relacionamento Social


   Reich via o relacionamento social como função do caráter do indivíduo. O indivíduo médio vê o mundo através do filtro de sua couraça. Caracteres genitais, tendo ultrapassado seu encouraçamento rígido, são os únicos verdadeiramente capazes de reagir de forma aberta e honesta aos outros.Reich acreditava firmemente nos ideais comunistas enunciados por Marx, aclamando a livre organização na qual o livre desenvolvimento de cada um se tornaria a base do livre desenvolvimento de todos. Reich formulou o conceito de democracia do trabalho, uma forma natural de organização social na qual as pessoas cooperam harmonicamente para favorecer suas necessidades e interesses mútuos, e tentou efetivar esses princípios no Instituto Orgon.

Vontade


   Reich não se interessou diretamente pela vontade, embora tenha enfatizado a importância de um trabalho significativo e construtivo. Um de seus princípios era de que "você não precisa fazer nada de especial ou novo.Tudo o que você precisa fazer é continuar o que tem feito: lavrar seu campo, manejar seu martelo, examinar seus pacientes, levar suas crianças à escola ou ao parque de diversões, falar sobre os fatos do dia, penetrar sempre mais profundamente nos segredos da natureza. Todas essas coisas você já faz. Mas você pensa que nenhuma delas tem importância... Tudo o que você tem a fazer é continuar o que você sempre fez e sempre quis fazer: seu trabalho, deixar suas crianças crescerem felizes, amar a mulher".


Emoções


   Reich descobriu que as tensões crônicas servem para bloquear o fluxo de energia subjacente às emoções mais intensas. A couraça impede que o indivíduo experimente emoções fortes e, portanto, limita e distorce a expressão de sentimentos. As emoções deste modo bloqueadas não são eliminadas, pois jamais podem ser completamente expressas. Segundo Reich, um indivíduo só se liberta de uma emoção bloqueada experienciando-a de forma plena.Reich notou também que a frustração do prazer, muitas vezes conduz à raiva e à fúria. Na terapia reichiana, em primeiro lugar é preciso lidar com as emoções negativas, para que os sentimentos positivos que elas encobrem possam ser completamente experienciados.


Intelecto


   Reich se opunha a qualquer separação de intelecto, emoções e corpo. Ele afirmava que o intelecto é, na verdade, uma função biológica, e que ele pode ter uma carga afetiva tão forte quanto qualquer emoção. Reich argumentava que o desenvolvimento completo do intelecto requer o desenvolvimento de uma verdadeira genitalidade. A primazia do intelecto pressupõe uma disciplinada economia de libido, isto é, primazia genital. A primazia intelectual e genital têm a mesma relação mútua que êxtase sexual e neurose, sentimento de culpa e religião, histeria e superstição.Acreditava Reich que, via de regra, o intelecto opera como mecanismo de defesa, de tal forma que a linguagem falada muitas vezes funciona também como uma defesa. Ela obscurece a linguagem expressiva do núcleo biológico. Em muitos casos, isto vai tão longe que as palavras já não expressam nada e a linguagem falada já não é nada mais do que uma atividade sem sentido dos respectivos músculos.

Self


   Para Reich, o Self é o núcleo biológico saudável de cada indivíduo. A maioria das pessoas não está em contato com o Self por causa da couraça física e das defesas psicológicas. Indagava Reich: "- O que é que impedia uma pessoa de perceber sua própria personalidade (Self)? Afinal, a personalidade (himself) é o que a pessoa é. Gradualmente comecei a entender que é o ser total que constitui a massa compacta e obstinada que obstrui todos os esforços da análise. A personalidade inteira do paciente, o seu caráter, a sua individualidade resistiam à análise".
   Segundo Reich, a interação de impulsos reprimidos e forças defensivas repressoras cria uma terceira camada entre as duas correntes libidinais opostas: uma camada de falta de contato. Esta falta de contato não está interposta entre as duas forças. É antes, uma expressão da interação concentrada das duas.O contato requer um livre movimento de energia. Ele só se torna possível quando o indivíduo dissolve sua couraça e torna-se plenamente consciente do corpo e de suas sensações e necessidades, entrando em contato com o núcleo, os impulsos primários. Enquanto há a presença de bloqueios, o fluxo de energia e a consciência são restritos, e a autopercepção é bastante diminuída e distorcida.


Terapeuta


   Além de treino na técnica terapêutica, o terapeuta deve ter feito um progresso considerável em seu crescimento e desenvolvimento pessoais. Ao trabalhar tanto psicológica quanto fisicamente com um indivíduo, o terapeuta deve ter superado todos os medos de sons sexuais abertamente emitidos e do "ondular orgástico", livre movimento de energia no corpo.Baker, um dos principais terapeutas reichianos nos Estados Unidos, recomenda que nenhum terapeuta deveria tentar tratar pacientes que tenham problemas que ele não foi capaz de solucionar em si mesmo, e nem deveria esperar que um paciente faça coisas que ele não pode fazer e que não foi capaz de fazer. Outro reichiano eminente escreveu que o pré-requisito indispensável em qualquer método usado pelo terapeuta para libertar as emoções contidas na musculatura é que ele esteja em contato com suas próprias sensações e que seja capaz de empatizar completamente com o paciente e de sentir em seu próprio corpo o efeito das constrições particulares da energia do paciente.
   Reich era ele próprio considerado um terapeuta brilhante e teimoso. Mesmo sendo um analista ortodoxo, ele era extremamente honesto e até brutalmente direto com seus pacientes. Nic Waal, um dos melhores psiquiatras da Noruega, escreveu o seguinte a respeito de suas experiências em terapia com Reich:

 "- Eu era capaz de suportar ser subjugado por Reich porque eu gostava da verdade. E,    coisa bastante estranha, eu não era subjugado por isto. No decorrer de toda esta atitude terapêutica em relação a mim, sua voz era amorosa e ele sentava-se a meu lado e fazia-me olhar para ele. Reich me aceitava e subjugava apenas minha vaidade e minha falsidade. Mas eu entendi, naquele momento, que a honestidade e o amor verdadeiros, tanto de um terapeuta quanto dos pais, por vezes é a coragem de ser aparentemente cruel sempre que necessário. Entretanto, isto exige muito do terapeuta, de seu treinamento e de seu diagnóstico."

baseado no livro "Teorias da Personalidade"- J. Fadiman, R. Frager - Harbra - 1980








sexta-feira, 27 de novembro de 2009

MÉTODOS DE PESQUISA



    Desenvolvimento humano é a denominação que damos à ciência que estuda as mudanças e as características que permanecem ou não no indivíduo, já que hoje é sabido que o desenvolvimento humano é contínuo, ele ocorre durante todo o período em que há vida.

Muitos estudos são lançados e muitos cientistas do desenvolvimento humano a partir de pesquisas elaboram teorias sobre o desenvolvimento humano. Essas pesquisas são realizadas com pessoas que sofrem diferentes influências em seu desenvolvimento e que se localizam em diferentes ambientes.
    Para a realização dessas pesquisas, os cientistas do desenvolvimento humano adotam métodos científicos de pesquisa que caracterizam um processo geral de investigação cientifica em qualquer campo de atuação. As etapas desse processo de pesquisa cientifica são: a identificação de um problema a ser estudado, a formulação de hipóteses, a coleta de dados, a análise dos dados e a divulgação dos achados.
Toda pesquisa a ser realizada tem sempre como base uma teoria já formulada e essa teoria influência no resultado dessa pesquisa, já que será ela que orientará quais questões serão abordadas e quais métodos de pesquisa serão utilizados.
    A pesquisa para ser realizada precisa de uma amostragem, ou seja, é preciso selecionar um grupo de indivíduos que possam representar adequadamente a população em estudo. Esses indivíduos precisam ter características relevantes e nas mesmas proporções, só assim a pesquisa poderá ser validada, poderá ser generalizada corretamente.
   Os pesquisadores, muitas vezes, utilizam da seleção randômica para realizar suas pesquisas.A seleção randômica é um método de amostragem onde cada indivíduo em uma população tem chance igual de representatividade.Contudo hoje é muito difícil pesquisadores utilizarem esse método de amostragem e isso dificulta a aplicação da pesquisa na população como um todo.
Em uma pesquisa também há os métodos de coleta de dados que podem ser relatos pessoais ( diários, entrevistas, questionários), testes, observação( naturalística, onde o pesquisador registra o que vê em um ambiente real e o laboratorial, onde o pesquisador registra o que vê em um ambiente cuja situação é controlada), medidas comportamentais e de desempenho.Não necessariamente utiliza-se apenas um método de coleta de dados, o pesquisador pode utilizar mais de um método de coleta de dados e assim analisar e comparar melhor os dados coletados.
    A pesquisa também é caracterizada pelo seu modelo de pesquisa, ou seja, um plano para conduzir uma investigação cientifica: quais perguntas serão feitas, o modo como os participantes serão selecionados, a maneira como os dados serão coletados e como se dará a interpretação e quais conclusões válidas poderão ser consideradas. Há quatro modelos básicos de pesquisa.
    O estudo de caso é um desses quatro modelos de pesquisa. O estudo de caso é um estudo realizado com um único individuo que exige extremo cuidado na observação e na interpretação, pode utilizar-se de medidas comportamentais, materiais biográficos e mesmo documentários.O estudo etnográfico é um estudo,não de um indivíduo,mas de uma determinada cultura ou subcultura, onde é realizado um estudo profundo das crenças dessa cultura, das artes, das tradições, costumes, tecnologias e como se dá as relações interpessoais dessa determinada cultura ou etnia.
   Já o estudo correlacional, é o estudo das correlações que podem haver ou não entre variáveis de uma estatística, essas correlações podem ser expressas em direção ( positiva ou negativa) ou em magnitude ( grau ).
    O experimento é um estudo baseado em experimentar, o pesquisador controla variáveis para aprender como uma pode interferir na outra.No experimento há os grupos variáveis, que é formado por um grupo experimental e um grupo controle, variável dependente e independente.Os experimentos podem ser laboratoriais,de campo ou mesmo naturais.Os experimentos laboratoriais são mais fáceis de serem controlados e assim melhor para estabelecer causa e efeito.Quando não é possível realizar um experimento laboratorial, é realizado o experimento de campo, onde um estudo é realizado em um ambiente que faz parte da vida cotidiana.
    Já o experimento natural é realizado quando por questões de praticidade ou mesmo ética, utilizamos para o estudo um grupo cuja seleção ocorreu naturalmente, por exemplo pessoas portadoras de AIDS, ou que estão expostas à fome.
   No desenvolvimento humano há algumas estratégias mais comumente utilizadas.Há o estudo longitudinal, o estudo transversal, o estudo seqüencial e o estudo microgenético.No estudo longitudinal coleta-se dados sobre os mesmos indivíduos em análise, durante um período de tempo e assim avaliar as mudanças que ocorrem durante a vida.O estudo transversal é a avaliação de indivíduos de diferentes idades em uma determinada ocasião e assim pode-se coletar dados comparativos sobre as diferentes faixas etárias.O estudo seqüencial é a combinação de técnicas transversais e longitudinais onde se pode avaliar o indivíduo em uma amostra transversal mais de uma vez.E por fim o estudo microgenético é a observação direta de mudanças onde os indivíduos recebem estímulos constantes durante um período de tempo.
    Para que uma pesquisa seja realizada é necessário a exposição de pessoas que formarão um grupo de amostra, onde o estudo será aplicado.Mas é necessário que para que esse estudo seja realizado haja uma premissa muito importante: a ética.
   Para que não haja problemas em estudos e pesquisas, os pesquisadores devem se guiar por três princípios básicos: a beneficência, o respeito e a justiça. Universidades, faculdades, instituições quando avaliam as propostas de pesquisa, sempre as avaliam com o olhar ético.Contudo muitas avaliações de pesquisa são de difíceis julgamentos.
   Outro aspecto que exige atenção é quanto o consentimento dos participantes na pesquisa a ser realizada. É muito importante que o individuo que participará da pesquisa conceda a sua participação, assim como também deve ser informado e conscientizado sobre o que trata a pesquisa, o motivo de sua realização tal como a sua importância.O individuo também deve ser avisado quanto aos benefícios que a pesquisa poderá lhe trazer e precavido dos possíveis riscos que poderá sofrer.Quando a pesquisa envolve crianças, menores de dezoito anos, é então necessário uma autorização dos pais ou responsáveis dos menores, contudo é necessário que o indivíduo concorde em participar da pesquisa.
   Ao realizar uma pesquisa é muito importante tomar cuidado com determinadas informações a serem divulgadas, pois estas informações podem atingir a auto-estima do grupo em estudo. Por exemplo, ao publicar uma pesquisa onde cita que adolescentes que residem na zona sul do estado de São Paulo são cognitivamente mais desenvolvidos que adolescentes que residem na zona leste, podem os últimos terem sua auto-estima abalada.
    É essencial ressaltar um ponto muito importante quando nos referimos a realização de pesquisa: o pesquisador deve ser muito criterioso ao decidir quanto ao direito a privacidade e sigilo do indivíduo em estudo: utilizar-se de câmeras ou espelhos de duas faces, divulgar as informações coletada sobre determinada pesquisa, o pesquisador necessita ter muita cautela quanto todos esses fatores.
    Portanto os métodos de pesquisa são variáveis, onde o estudo é sempre baseado numa teoria anterior, necessita de amostragem, coletar dados, utilizar-se de modelos de pesquisas, onde o pesquisador deve sempre se preocupar em seguir a ética e assegurar o indivíduo participante

Por TCS-TATa

Referências

PAPALIA, et al.Desenvolvimento Humano.2001


CARL GUSTAV JUNG E O INCONSCIÊNTE



    Encontraremos uma breve biografia de Carl Gustav Jung, que rompeu a parceria com Sigmund Freud e desenvolveu seus próprios trabalhos e pesquisas. Fundou a chamada Psicologia Analítica e dentre seus diversos trabalhos, destaca-se a teoria do Inconsciente Coletivo, da qual é possível conhecer um pouco nas páginas a seguir.

    Carl Gustav Jung nasceu no dia 26 de julho de 1875 no vilarejo de Kesswil, próxima a famosa queda do Reno na Suíça. Jung era o filho único. Seu pai Johann Paul Jung era pastor protestante da igreja reformulada, religioso, parecia ter perdido a fé, era um tanto irascível e rabugento. Sua mãe Emile Preiswerk sofria de distúrbios emocionais, uma espécie de distúrbio nervoso, provavelmente por dificuldades em seu casamento, exibia um comportamento excêntrico e alternava entre períodos onde ora era uma esposa feliz ora uma mulher endemoninhada e incoerente, falando coisas sem nenhum sentido.



    Jung aprendeu desde cedo a não confiar e nem acreditar em seus pais e por analogia a desconfiar do resto do mundo. Fora uma criança solitária, mudou-se várias vezes de cidade e sua irmã nasceu somente quando ele já tinha nove anos de idade. Com todos esses fatores Jung saia do universo consciente para mergulhar em seus sonhos, fantasias e visões, ou seja, no seu inconsciente. Esse tipo de fuga dirigiu a sua infância até sua vida adulta e teve grande influência no desenvolvimento de seus trabalhos.


    Jung passou por sua adolescência presenciando vários conflitos internos religiosos e encontrou consolo estudando filosofia. Após terminar a escola, Jung ingressou na University of Basel, na Suíça, onde se formou em medicina em 1902, com grande conhecimento em biologia, zoologia, paleontologia e arqueologia, contudo estava interessado em psiquiatria e recebeu uma indicação para trabalhar em um hospital de doentes mentais em Zurique.


    Em 1905 Jung tornou-se professor de psiquiatria da University of Zurich, na mesma época ocupava o cargo de médico em uma clínica psiquiátrica, aonde conduziu várias pesquisas e de onde se demitiu vários anos depois para dedicar-se exclusivamente para suas pesquisas, a escrever e atender pacientes particulares. Em seus atendimentos particulares, Jung não solicitava que seu paciente deitasse no divã, ao contrário, sentavam-se um de frente para o outro em confortáveis poltronas. Outras vezes realizava o atendimento em seu barco a vela. Algumas vezes chegava até a cantar para seus pacientes.Todavia havia momentos em que era rude com seu pacientes recusando-se a atender e dizia: ”Ah, não!Não agüento ver mais ninguém.Vá para casa e cure-se sozinho, hoje” (apud Brome,1981,9.185).
Jung interessou-se pelo trabalho de Sigmund Freud em 1900 quando leu A Interpretação dos sonhos e considerou-a uma obra prima e desde então acompanhava os trabalhos de Freud.Por volta de 1906 Jung e Freud passaram a se corresponder e em 1907 Freud o convidou para visitá-lo em Viena.O primeiro encontro dos dois durou cerca de 13 horas, um inicio bem animado para aquilo que se tornaria uma amizade íntima, como a de um pai e filho, afinal Freud era vinte anos mais velho que Jung.Em 1912, por insistência de Freud, Jung tornou-se presidente da Associação Psicanalítica Internacional, mesmo com a oposição de outros membros vienenses que estavam a mais tempo no movimento psicanalítico.
  
    Apesar da amizade com Freud e de por algum tempo se reconhecer como discípulo de Freud, Jung divergia de muitas coisas em relação às teorias de Freud, como as que os problemas sexuais são a base para todas as neuroses e o complexo de Édipo. Jung tinha seu próprio pensamento acerca dos problemas abordados pelas teorias de Freud. Os dois deixaram de se corresponder e em 1914 devido às divergências e opiniões a amizade entre os dois foi quebrada e Jung renunciou e deixou a Associação Psicanalítica Internacional.

    Aos 38 anos, Jung foi acometido por problemas emocionais que seguiram por três anos, que o fez acreditar que estava ficando louco e que estava incapaz de realizar qualquer tipo de trabalho intelectual ou mesmo de ler livros, contudo não deixou de atender seus pacientes.Resolveu seus problemas confrontando sua mente inconsciente, seguindo seus impulsos inconscientes nele revelados e nas suas fantasias.Esse período foi de intensa criatividade para Jung, o que o levou a formular a teoria da personalidade.Jung fundou então o movimento de psicologia analítica, durante os anos posteriores, Jung desenvolveu suas teorias baseando-se em mitologia, história e viagens que realizou para a África, Deserto do Saara, Novo México dentre outros países, para estudar os processos cognitivos do indivíduo pré-alfabetizado. A partir dessas viagens Jung formulou sua teoria sobre o inconsciente coletivo e os arquétipos.

    Em 1921 Jung publicou o seu principal trabalho, Tipos Psicológicos que trata o relacionamento entre consciente e inconsciente e propõe tipos de personalidade: introvertido e extrovertido, termo difundido e utilizado no mundo todo.Em 1932, Jung foi indicado para lecionar na Federal Polytechnical University, em Zurique, onde deu aulas por 10 anos até que a fragilidade de sua saúde o obrigou a pedir demissão. Foi criada uma cadeira de psicologia médica na University of Basel, na Suíça, mas a doença não o permitiu ocupar essa posição por mais de um ano. Durante grande parte de sua vida, Jung escreveu muito, especialmente sobre métodos analíticos e a relação entre psicoterapia e a crença religiosa. Até os 86 anos de vida, trabalhou ativamente, pesquisando, tendo publicado uma quantidade impressionante de livros.
Carl Gustav Jung morreu no dia 6 de Junho de1961, em sua casa à beira do lago de Zurique, na Suíça, após uma vida produtiva que marcou a Psicologia, Sociologia e a Antropologia.

    O trabalho desenvolvido por Carl Gustav Jung teve grande influência de suas experiências de vida. Sonhos, impulsos e fantasias sempre estiveram presentes na vida de Jung e exerciam grande influência sobre ele, a aceitação de Jung das forças próprias da mente inconsciente influenciou até mesmo as suas decisões e escolhas frente a sua vida profissional.Apesar de Freud ter influenciado Jung, através de seus trabalhos, de terem trabalhado juntos e de Jung ter assumido a Associação Psicanalítica Internacional por algum tempo, a teoria desenvolvida por Jung é diferente da teoria postulada por Freud. Não se pode negar que o trabalho de Jung foi inspirado e só poderia ter sido iniciado porque Freud iniciou os estudos sobre o inconsciente, ponto onde ambos concordavam plenamente, mas na teoria de Jung não havia espaço para o Complexo de Édipo e ele não se referia à libido em termo exclusivamente sexual, ao contrário, acreditava que a libido era uma energia generalizada da qual o sexo apenas fazia parte. Para Jung a energia básica da libido expressava-se na reprodução, no crescimento e em outras atividades, na qual dependia do ser humano considerar qual era a principal em determinado período da vida.Outro aspecto no qual Jung e Freud divergia, é que Freud descrevia o indivíduo como vítima dos acontecimentos e Jung acreditava que o indivíduo pode ser moldado não apenas pelos acontecimentos do passado, mas também pelas suas metas, aspirações e esperanças para com o futuro. Para Jung, o comportamento não era totalmente determinado pelos acontecimentos dos primeiros anos de vida e poderia ser modificado ao longo da vida do indivíduo.Além do mais, Jung investigou mais a fundo o inconsciente e a partir dessa investigação escreveu sua teoria.


    Antes mesmo da parceria de Jung e Freud, Jung já realizava algumas pesquisas acerca do inconsciente, conceito que já estava consolidada na base psiquiátrica de Jung, mas foi a partir do contato com Freud, real formulador do conceito em termos clínicos que Jung pode se basear para aprofundar suas pesquisas. Denominou seu sistema teórico de Psicologia dos Complexos que posteriormente foi chamada de Psicologia Analítica, resultado do contato direto com seus pacientes .Utilizando-se do conceito de “complexos” e dos estudos dos sonhos, Jung se dedicou profundamente aos meios pelos os quais o inconsciente se expressa. Jung descreveu dois estados do da mente inconsciente dentro do aparelho psíquico. Um pouco abaixo da consciência, estaria o inconsciente pessoal, onde se pode encontrar as experiências de vida do indivíduo esquecidas ou suprimidas. O inconsciente pessoal não é muito profundo e as experiências ali armazenadas poder ser facilmente trazidas para o nível de estado consciente do indivíduo.Dentro do inconsciente pessoal estariam os complexos, que são as experiências agrupadas, ou seja, padrões emocionais e de lembranças com temas em comuns. Jung os deduziu a partir de estudos iniciais de associação de palavras quando observou que determinadas palavras provocam reações intensas ou menos reação do que o esperado.

    Os complexos são reforçados por eventos ambientais e por atenção ou desatenção seletiva, por isso são autoperpetuantes. Os complexos possuem energia psíquica a partir de seu tom afetivo. Quanto mais intenso o complexo, maiores serão as emoções e imagens mentais. O individuo manifesta um complexo devido à preocupação com alguma idéia, que por sua vez influencia o comportamento. Portanto o complexo consiste em uma personalidade menor dentro da personalidade total.


    Em um nível abaixo do inconsciente pessoal, estaria o inconsciente coletivo, nível mais profundo da psique que contem as experiências herdadas das espécies humanas e pré-humanas, desconhecido para o indivíduo. Uma personalidade que em potencial, já se encontra no indivíduo, onde o ambiente não fornece a personalidade, apenas traz à luz o que já se encontra no indivíduo.As tendências herdadas e armazenadas dentro do inconsciente coletivo são denominadas de arquétipos que consistem em determinantes inatos da vida mental, que levam o indivíduo a comportar-se de forma parecida aos ancestrais que enfrentaram situações semelhantes, trata-se de um padrão comportamental. Os arquétipos nos predispõem a enfrentar a vida e a experimentá-la sob certas formas, de acordo com os padrões já estabelecidos na psique. As experiências arquetípicas são impressas na psique, pela repetição através dos milênios da existência da espécie humana. A experiência do arquétipo normalmente se concretiza nas emoções associadas aos acontecimentos importantes da vida, como o nascimento, a adolescência, o casamento e a morte, ou diante de um perigo extremo. Jung costumava a se referir aos arquétipos como as “divindades” do inconsciente. Jung descobriu símbolos de arquétipos comuns, mesmo em culturas distantes no tempo e espaço, sem nenhum indício de influência direta e também descobriu o que pensou serem traços desses símbolos nos sonhos relatados por seus pacientes. Todas essas informações confirmavam seu conceito de inconsciente coletivo. Os arquétipos que ocorrem com mais freqüência são a persona, a anima e o animus, a sombra e o self. A persona seria a máscara que o indivíduo usa quando está em contato com outra pessoa, para representá-lo na forma como ele deseja ser visto pela sociedade, é um arquétipo funcional que entra em ação por razões de adaptação ou conveniência pessoal, porém de forma alguma é idêntica a individualidade, sendo assim a persona não pode corresponder à verdadeira personalidade do indivíduo. Os arquétipos do anima e do animus refletem a noção de que cada indivíduo exibe algumas características do sexo oposto. A anima refere-se às características femininas presentes no homem e o animus refere-se às características masculinas presentes na mulher,se caracteriza por três aspectos: a imagem coletiva do homem herdada pela mulher, a experiência da masculinidade resultante dos seus contatos com os homens e o próprio principio masculino, latente nela.O mesmo ocorre com a anima, sendo a imagem coletiva da mulher herdada pelo homem, o resultado da feminilidade resultante dos contatos com mulheres e por fim o principio feminino latente nele. O arquétipo da sombra consiste na parte animalesca da personalidade, para Jung esse arquétipo é herdado das formas inferiores de vida. A sombra contém as atividades e os desejos imorais, violentos e inaceitáveis, ela nos incita a nos comportarmos de uma forma que conscientemente não nos comportaríamos.

    Contudo a sombra possui um lado positivo, onde é responsável pela espontaneidade, pela criatividade, pelo insight¹ e pela emoção profunda, características necessárias para o desenvolvimento humano. A sombra possui qualidades opostas às manifestações na persona, em razão disso esses dois aspectos de personalidade se completam e se contrabalançam um ao outro, a sombra compensa as pretensões da persona e esta por sua vez compensa as tendências anti-sociais da sombra.


    O self é para Jung o principal arquétipo, equilibrando todos os aspectos do inconsciente, o self proporciona unidade e estabilidade à personalidade, já que é um gênio organizador por trás da personalidade. Ele é responsável pela implementação do projeto de vida, em cada etapa do ciclo vital e pela efetivação dos melhores ajustamentos que as circunstâncias individuais permitem. Busca a sua plena realização na psique e no mundo.

    Assim Jung tinha a seguinte visão do aparelho psíquico: a consciência, o inconsciente pessoal, os complexos, o inconsciente coletivo e por fim os arquétipos como pode ser observada na figura abaixo:

C= COMPLEXO
A= ARQUÉTIPO


 Diagrama esquemático do modelo junguiano da psique.


    Os trabalhos e pesquisas desenvolvidas por Jung sofreram grande influência das experiências que Jung vivenciou, é possível afirmar que apesar de Jung,quando se interessou pela psiquiatria, já acreditar no conceito de inconsciente, seu contato com Freud, apesar das divergências e da separação de ambos, foi colaborador para que ele pudesse desenvolver seu próprio trabalho e até mesmo aprofundar seus estudos acerca do inconsciente.




    O trabalho desenvolvido por Jung, não foi muito valorizado na época em que foi desenvolvida, mas a descoberta do inconsciente coletivo trouxe diversas contribuições para psicologia, permitindo que se pudesse obter mais informações acerca do conteúdo e de como funciona o aparelho psíquico do ser humano, o que possibilita melhor compreensão de seu comportamento.

Por TCS-TATa

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¹Palavra inglesa que significa a expressão ter uma grande idéia


Referências

SCHULTZ, DUANE P., SCHULTZ,SYDNEY E.. História da Psicologia Moderna, Tradução da oitava edição americana.Ed.Thomson.São Paulo,2007, p.391-398.



STEVENS, ANTONY.Jung Vida e Pensamento.Ed Vozes.Petrópoles –R.J.,1993, p.46-75.


FORDHAM, FRIEDA.Introdução à Psicologia de Jung.Ed. Edusp.São Paulo,1978, p.45-62.


acesso em 15.10.2009.


acesso em 15.10.2009.


acesso em 16.10.2009.


acesso em 16.10.2009.











quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SÍNTESE: CIDADANIA E LOUCURA- POLÍTICAS DE SAÚDE MENTAL NO BRASIL


        O livro “Cidadania e loucura – Políticas de saúde mental no Brasil” é uma coletânea organizada por Silvério Almeida Tundis e Nilson do Rosário Costa, que oferece uma leitura sistemática sobre os fatos históricos que justificam as práticas sociais voltadas para a doença mental.

        Busca fazer um mapeamento do estado atual da discussão sobre a questão da saúde mental, as práticas terapêuticas voltadas para o campo da loucura e os processos sociais que determinam a emergência da chamada doença mental, que tem chamado a atenção e despertado a curiosidade dos meios de comunicação em geral. Evoca as representações sociais em torno da loucura em sua natureza histórica e transitória.
        Com o declínio dos ofícios artesanais elevou-se a loucura a categoria de problema social. Com o surgimento da manufatura, o trabalho artesanal parecia carente de disciplina, a atitude irracionalista ante o conceito de tempo e da vida resultaram em problema gigantesco para a sociedade que se consolidava, onde se deveria viver para trabalhar, contudo era preciso descartar-se do sentimento de que a liberdade do homem não pode ser subordinada a um processo estritamente vigiado e totalmente racionalizado que até então só era conhecido em presídios e nas casas de correção.
        A partir desse quadro podemos dizer que a doença mental poderia ser considerada em incidência sociológica, onde as pessoas com senso comum acreditavam que o doente mental merece desprezo, hostilidade e outras sanções sociais. Acreditava-se que o indivíduo que não participava da vida social (sempre exigindo obediência às modalidades impostas) possuía perturbações mentais. Caberia então à psiquiatria a tarefa de sancionar esses delitos (o de não participar da vida social, sendo então alienados), tidos como doença mental, prática que apresenta a mesma lógica que move os mecanismos de dominação e imposição da lei e da ordem.
        Os textos reunidos chamam a atenção suficiente para o fato de que, desde o século XVIII, o controle do louco dispunha de uma rede comum de repressão à desordem, à mendicância, à ociosidade.Escravos, agregados, pretos, mestiços e mulatos forros de todos os matizes e categorias, indivíduos sem trabalho definido, sendo possível recrutar os indigentes e alienados da civilização, os desocupados permanentes, criminosos, desordeiros, brigões e truculentos, todos considerados como doente mental.
        No Brasil, o doente mental podia desfrutar de certa tolerância social e de relativa liberdade, a impressão mais marcante da história da doença mental no Brasil é a de que a doença mental parece ter permanecido silenciosa por muito tempo, socialmente ignorada por quase trezentos anos, a loucura acorda arrastada na rede comum da repressão à desordem, à mendicância e à ociosidade.
        Com as denúncias crescentes acerca da calamidade encontrada nas instituições que diziam curar o doente mental, surge a discussão de que era preciso que a psiquiatria estudasse de forma cientifica a questão da doença mental e a partir disso rever a situação encontrada, distinguir os doentes mentais daqueles que apenas sofreram a exclusão decorrente do contexto social estabelecido.Após esse período eis que surge outro espaço para a doença mental: os asilos. E neles se constituirá a prática, o saber e o objeto da psiquiatria, a doença mental.
        Além do levantamento das naturezas históricas e práticas sociais em torno da loucura, o livro propicia um contato com estudos da epidemiologia social das desordens mentais, na literatura latino-americana. Através de pesquisas realizadas em países latino-americanos e alguns países da América do Sul, analisa a relação do processo de migração com a doença mental.
        O autor destaca ainda que apesar dos estudos realizados receberem muitas críticas, é visível que a relação migração - doença mental existe. Assim o autor destaca que o objeto de estudo da doença mental foi deslocado do nível dos indivíduos para pensar o impacto da produção capitalista sobre grupo sociais.
        Através dos textos de Edith Seligmann é possível ter acesso á uma minuciosa e detalhada análise das relações entre processo de produção, trabalho e doença mental.
        Na sociedade brasileira atual, excludente, rígida e hierárquica, os grupos sociais desprovidos de poder e significância, mas possuidores de identidade permanecem alvos preferenciais dos aparatos de controle, rotulação e reclusão. O destino asilar é predominante decorrente do lugar social do paciente e não conseqüência de uma patologia

Por TCS-TATa